1 de Junho, 2022

Perante uma plateia composta por alunos do 3º ciclo, professores, universidades seniores, supervisores financeiros, representantes de bancos e de associações financeiras, a Associação Portuguesa de Bancos apresentou oficialmente o seu novo site de literacia financeira “Saber de Contas”.

Este destina-se a ser mais uma ferramenta de esclarecimento do público em geral, em particular dos jovens e seniores, sobre temas complexos como o crédito, poupança, segurança digital, orçamento familiar, entre outros, ajudando-os a ter mais informação que lhes permita tomar decisões financeiras mais conscientes e responsáveis no seu dia-a-dia.

Fotografia de Carlos Pimentel/Global Imagens, cedida à APB

Na sessão de boas-vindas deste evento, o Presidente da APB realçou a importância que a literacia financeira e digital tem na sociedade atual e o papel que a APB tem tido na sua promoção. "Se no início do século XX a literacia escrita era o principal instrumento de capacitação pessoal, neste início do século XXI, a principal ferramenta diferenciadora é a literacia financeira, acompanhada já por uma capacitação tecnológica e digital", referiu Vítor Bento. (ver Intervenção)

Fotografia de Carlos Pimentel/Global Imagens, cedida à APB

Já o Vice-Governador do Banco de Portugal, que assegurou a sessão de abertura, sublinhou que um “bom nível de literacia financeira protege os clientes bancários e os consumidores em geral, favorece a estabilidade financeira e contribui para o desenvolvimento económico e a prevenção da fraude”. Perante a plateia, onde se encontravam também alguns representantes de universidades seniores, Luis Máximo dos Santos lembrou que a fraude, através dos canais digitais, assume “enormes proporções” e que, por isso, a formação financeira digital e o combate à atividade financeira ilícita são prioridades. (ver Intervenção)

Fotografia de Carlos Pimentel/Global Imagens, cedida à APB

É precisamente o medo da fraude e de não serem capazes de utilizar as novas tecnologias que leva as pessoas mais idosas a fugir dos meios digitais, revela Andreia Garcia, Coordenadora da Universidade Senior UNICA, que tem participado no programa de literacia digital da APB e que interveio também neste evento. A sua maior preocupação é capacitar esta população sénior de modo a não fiquem para trás no processo de digitalização. "O maior problema é desmistificar a complicação que julgam existir, por exemplo, nos meios de pagamento digitais, como o MBWay, e depois fazê-los perder o medo", conta Andreia Garcia.

A participar neste painel esteve também Ana Filipa Joaquim, Professora do Agrupamento de Escolas Joaquim Inácio da Cruz Sobral, que este ano ganhou a edição nacional do European Money Quiz. Professora de Economia, Ana Filipa Joaquim explica que tem que usar múltiplas estratégias para conseguir que os alunos se interessem sobre estes temas. “Há um grande desfasamento entre aquilo que se ensina na escola e a vida real”, afirma. Foi assim que decidiu levar os alunos a viver situações da vida real, dividindo as turmas em casais e pondo-os a gerir uma casa e a ter que fazer compras. "Muitos ficaram surpreendidos com o preço do papel higiénico. Outros ficaram zangados com as taxas de juro para contrair um empréstimo", conta realçando a importância de iniciativas como o Saber de Contas enquanto ferramenta de aprendizagem.

Fotografia de Carlos Pimentel/Global Imagens, cedida à APB

A responsável pelo projeto de educação financeira da APB, Rita Machado, explicou por sua vez que todas as entidades que tentam promover a literacia financeira sofrem geralmente do mesmo problema – a falta de escala – sublinhando que é esse agora o foco da APB com o lançamento deste novo site, tentar chegar de forma mais eficaz e com maior impacto aos públicos-alvo.

A encerrar a sessão de apresentação do site, o ministro da Educação, João Costa, defendeu que capacitar a população para a literacia financeira é capacitá-la para os direitos humanos.

“Um cidadão que não é capaz de gerir o seu orçamento, de ler um formulário do seu banco, dos seus seguros, de planear a sua vida fiscal, é um cidadão que está mais vulnerável à exclusão”, afirmou o governante, explicando que “uma má gestão potencia focos de pobreza”.

Fotografia de Carlos Pimentel/Global Imagens, cedida à APB