7 de Maio, 2020

Esta InforBanca surge num momento muito especial, que nos coloca frente a desafios invulgares.

De facto, a pandemia Covid-19 surgiu inesperadamente, sem aviso prévio. Em linguagem económica é um Cisne Negro, isto é, uma situação impredictível, com forte capacidade disruptiva da vida em sociedade. Por isso, a nossa atenção foi completamente absorvida pelo impacto desta crise sanitária e isso é compreensível pois põe em risco o nosso mais importante activo – a nossa vida e a de todos aqueles que mais queremos.

Após este primeiro choque a nível humano, e na sua sequência, outros desafios passaram a assumir relevância em diferentes planos: para a nossa sobrevivência económica enquanto indivíduos e famílias, para as nossas instituições e empresas, para a Banca em geral e para toda a sociedade.

Embora ninguém estivesse preparado para este turbilhão de acontecimentos e de incertezas, com raríssimas excepções materializou-se, à escala mundial, uma convergência global para lidar com este problema. Tal como na floresta, quando existe um incêndio de grande dimensão e os animais debandam em conjunto sem distinguir predadores e presas, também a Humanidade se uniu contra um inimigo comum, que pode mesmo estar em nós sem o conseguirmos identificar. Houve respostas rápidas e medidas tomadas para actuar no curto prazo. É agora o momento de pensar e preparar a recuperação e de alinharmos a nossa acção para o futuro, que já se designa de “novo normal”.

Face a este contexto, este número da InforBanca procura dar ao leitor um enquadramento que lhe permita a sua reflexão e a descoberta de pistas e ferramentas que sirvam o que agora é essencial: cuidar das pessoas; comunicar; manter e reinventar o negócio; utilizar e prestar os apoios necessários; preparar o futuro e equacionar novas oportunidades. Porque em cada crise grave há sempre imensas oportunidades que precisam de ser antecipadas e identificadas por empreendedores com visão, que as saibam aproveitar, pondo-as ao serviço do futuro da Humanidade.  

São estas as razões que justificam o alinhamento desta revista.

Peter Nathanial e Ludo Van der Heyden abordam o grande desafio que a Banca foi chamada a assumir, a determinação com que disse “presente” e as dificuldades estruturais que tem pela frente. A proposta fundamental deste artigo é a implementação de uma parceria, entre os bancos da UE e os seus Governos, viabilizando, através do sistema bancário, a transmissão eficaz para a economia real do suporte financeiro vital dos Governos, mas comprometendo-se a Banca, em contrapartida, a realizar definitivamente a sua transformação estrutural, há muito tempo adiada.

Sébastien de Brouwer retrata as acções que a EBF e os bancos europeus implementaram na defesa dos seus colaboradores e do negócio, garantindo sempre o serviço aos clientes e o compromisso com a sociedade e as alterações transitórias operadas no lado dos reguladores para apoiarem as medidas.

Como a digitalização se afirma com cada vez mais força no mundo, e em particular no mundo financeiro (e que o Covid-19, diga-se, “forçou” a implementar mais rapidamente), David Gyori partilha uma análise de medidas tomadas pelas Fintech e também por alguns bancos, identificando pistas que considera úteis para os bancos na redefinição da sua estratégia no período pós-crise. Trata-se de uma abordagem muito interessante e instrumental, sobre a qual valerá muito a pena reflectir.

Rasmus Hougaard, Jacqueline Carter e Moses Mohan equacionam a forma como cada um de nós lida com a crise, fornecendo estratégias para promover o pensamento positivo e favorecer a resiliência. Estes conselhos são seguramente relevantes para sermos capazes de impulsionar a nossa capacidade de agir nas circunstâncias actuais.

A reforma da Euribor e a adopção de uma nova metodologia de cálculo é o tema abordado por Maria João Reis. Um tema actual e com importantes impactos, já que é utilizada como taxa de referência em diversos tipos de operações realizadas pelos bancos com os consumidores.

Os principais indicadores da Banca são apresentados na rubrica O Sector Bancário Num Minuto, que traduz a habitual colaboração do Centro de Estudos e Publicações da APB, permitindo aos leitores analisarem a evolução da actividade do sector bancário em Portugal.

Queria ainda partilhar convosco que o IFB adaptou, muito rapidamente, a sua actividade, reforçando a oferta formativa em e-learning e transformando, com sucesso, a formação presencial em formação baseada em sistemas de videoconferência. Continuamos a fornecer ao Sistema Financeiro a via mais qualificada e com resposta mais rápida e flexível para que os seus profissionais adquiram as competências que as circunstâncias actuais e um futuro de transformação exigem. Termino este editorial com duas citações:

de Ernest Renan: “O essencial na educação não é a doutrina ensinada, é o despertar.”

de Sun Tzu: “As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas.“