4 de Dezembro, 2023

As autoridades de 26 países, em colaboração com a Europol, Eurojust, INTERPOL e vários parceiros do sector privado - entre eles a Federação Bancária Europeia, da qual a APB é membro - uniram mais uma vez forças para combater um dos principais facilitadores do branqueamento de capitais: as “mulas de dinheiro” e os seus recrutadores.

Entre junho e novembro, foram identificadas 10.759 "mulas de dinheiro” e 474 angariadores, numa operação que decorreu em várias fases e que culminou na detenção de 1.013 indivíduos em todo o mundo2 822 bancos e instituições financeiras estiveram também a colaborar com as autoridades policiais nesta ação conjunta contra o branqueamento de capitais.

EMMA - European Money Mule Action (Ação Europeia contra as Mulas de Dinheiro), que já vai na 9ª edição, envolveu operações em todo o mundo, nomeadamente na Colômbia, Singapura e Austrália.

Principais resultados da operação:

  • 10.759 "Money Mules" identificadas,
  • 474 recrutadores identificados,
  • 1.013 indivíduos presos,
  • 10.736 transações fraudulentas relatadas,
  • 4.659 investigações iniciadas,
  • 2.822 bancos e instituições financeiras que colaboraram na ação,
  • 100 milhões de euros de perdas relatados,
  • 32 milhões de euros de perdas evitados

A EMMA é a operação internacional mais alargada deste género, suportada no princípio de que a partilha de informação entre o setor público e privado é essencial para combater os crimes, cada vez mais sofisticados, da atualidade. A Federação Bancária Europeia (EBF), que foi uma das primeiras parceiras da EMMA, ajudou a que aproximadamente 2.822 bancos e instituições financeiras colaborassem com a aplicação da lei. Esse trabalho envolveu os serviços de transferência de dinheiro online, as negociações de criptomoedas, agentes de viagens online e empresas de KYC – Know Your Customer (“Conheça o seu Cliente”), bem como multinacionais de tecnologia para computadores. Desta forma, conseguiu-se prevenir perdas financeiras e aumentar a consciencialização para o problema, a nível global.

Estas redes de "mulas" operam transferindo fundos (digitais ou em dinheiro), recebidos de terceiros, para outros destinatários, em troca de uma comissão. A maioria das investigações envolve casos transfronteiriços, ou seja, o dinheiro é transferido de um país para outro ou as "money mules" viajam pelo mundo para abrir contas bancárias, muitas vezes usando documentação falsa para enganar os procedimentos KYC.

Tendências recentes

Os investigadores relatam novas tendências que estão recentemente a ser adotadas nos esquemas de lavagem de dinheiro internacional. Um Estado-Membro da UE descobriu que migrantes da Ucrânia, que procuram refúgio da guerra, estão a ser cada vez mais visados como cúmplices involuntários do crime. Explorando a sua vulnerabilidade e dificuldades económicas, os criminosos coagem-nos a branquear dinheiro inadvertidamente, obrigando-os a abrir contas bancárias.

Os crimes de falsificação de identidade bancária também estão a aumentar, com os criminosos a fazerem passar-se por funcionários bancários, visando sobretudo os idosos e persuadindo-os a abrir novas contas. Os criminosos visitam frequentemente as vítimas em pessoa para obter cópias dos documentos de identidade e assinaturas.

Outra tendência alarmante envolve a utilização fraudulenta da inteligência artificial para criar identidades falsas, tornando assim possível contornar as características de segurança KYC, durante a criação de contas online.

Noutro modus operandi emergente, os criminosos visam pessoas mais jovens e fornecem-lhes meios de pagamento eletrónicos, como cartões de oferta. Estes são ativados num processo de tokenização para a compra de bens ou dispositivos eletrónicos. As mulas entregam então os bens adquiridos aos criminosos, que os colocam à venda nos mercados de comércio online mais populares, recebendo uma percentagem das receitas (ilegais) em dinheiro ou em bens.

As investigações revelaram também que uma série de esquemas de fraude online (como phishing, comprometimento de emails, anúncios falsos de aluguer de férias, fraude de aplicações de mensagens, fraude de help desk, cartões bancários falsos, entre outros) estão a canalizar dinheiro para contas operadas por "mulas".

O Papel da Europol

A Europol apoiou o planeamento e a preparação de todas as fases da operação. O Grupo de Ação Conjunta contra a Cibercriminalidade (J-CAT) apoiou as ações, facilitando a troca de informações entre as autoridades responsáveis pela aplicação da lei. Durante a fase operacional, o apoio analítico da Europol ajudou a identificar as ligações entre os casos transfronteiriços e as redes de mulas de dinheiro. Além disso, a Europol coordenou e alinhou a campanha de sensibilização EMMA 9 com os países e os parceiros privados participantes.

Países participantes: Austrália, Áustria, Bulgária, Chipre, Colômbia, República Checa, Dinamarca, Estónia, Grécia, China, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Moldávia, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Singapura, Eslovénia, Suécia, Espanha, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos

Agências participantes: Europol, Eurojust, INTERPOL

Parceiros da indústria privada: Federação Bancária Europeia, Coinbase, Fourthline, Santander, Tripadvisor, Western Union